A música não serve só de pano de fundo para os momentos da nossa vida. Para quase todas as situações pelas quais passamos existirá uma música especial que fala exatamente aquilo que você queria dizer. Principalmente, quando se trata de casos amorosos. Desde o pagode mais sem vergonha à mais bela letra do Renato Russo. Falando nele, esse é um que parece que viveu as nossas vidas conosco e aí decidiu sentar e fazer uma música.
Essa coisa da música falar por você é muito bem trabalhada por um dos meus cineastas preferidos: Alain Resnais, em seu maravilhoso “Amores Parisienses”. Durante o filme há inserções de músicas francesas cuja letra se aplica às situações que os personagens vivem e se encaixam perfeitamente no que eles poderiam falar. Entretanto, isso acontece de modo totalmente aleatório. De repente, no meio de uma conversa aparentemente séria, uma música surpreendente em um volume altíssimo substitui o fundo silencioso e o personagem vira para você e começa a fingir que está cantando a música. É sensacional, vale muito a pena ver.
É claro que no filme do Resnais essa coisa das letras das músicas comunicarem o que queremos dizer assume um formato cômico e bastante esdrúxulo, mas a realidade é que poderíamos viver a vida facilmente citando compositores, de talento ou não. Até porque, meu chapa, muitas vezes uma linda música do Chico Buarque (quem me conhece sabe, eu adoro Chico) pode comunicar a mesma ideia que uma da Banda Calypso (quem me conhece sabe, eu odeio Calypso). Duvida? Então observe:
Imagino – Banda Calypso
Imagino... nós dois na mesma cama...
Te imagino dizendo que me ama...
Imagino o teu corpo sobre o meu...
E me lembro do calor dos braços teus...
Imagino minha boca procurando feito louca por você na hora do prazer...
E tudo isso já ficou guardado...
Pra sempre dentro dos meus pensamentos...
Eu vivo das lembranças, que você deixou daquele louco amor...
Eu te amo – Chico Buarque
(...)
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
(...)
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Eu tenho todo o respeito pelo velho Chico, mas sejamos pragmáticos, as duas músicas servem! Mas é só a letra, não vai botar Calypso para a outra pessoa ouvir que queima o filme, pelo amor de Deus.
Você tem toda razão!
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