400 deputados para defender sua vontade de ficar calado. Em tese. |
Uma breve elucidação sobre cidadania e ciência política. No século XVIII, Charles de Montesquieu defendia a divisão do poder no Estado em três: executivo, legislativo e judiciário. Seu tripé foi aplicado em boa parte dos países ocidentais, inclusive no nosso querido Brasil. Vamos nos ater ao segundo. A função do poder legislativo é elaborar leis e fiscalizar o Executivo. Essas cinco primeiras frases são um grande nariz de cera, coroada com uma obviedade. Se você resistiu ler até esta frase, deve estar se perguntando porque, então, este que vos escreve lança mão de tamanha obviedade em seu texto. Simples: na democracia brasileira, tamanha obviedade esbarra nas trocas de favores entre Executivo e Legislativo e a função do segundo (e do primeiro também, francamente) se deturpa. Tudo isso tem a ver com Palocci, o ministro mais silencioso (de uns tempos pra cá) e ao mesmo tempo mais poderoso (talvez não tanto de uns tempos pra cá) do governo Dilma.
A oposição insiste em levá-lo ao Congresso para dar explicações sobre seu substancial enriquecimento. Natural, é o papel da oposição. A heterogênea “base” aliada deveria, a pedido do governo, barrar. 1) Isto não é natural. É obrigação do ministro esclarecer eventuais dúvidas que o parlamento e a opinião pública (como já é o caso desde a publicação da histórica matéria da Folha de S. Paulo) tenham sobre suas atividades. Ele é homem público e essas condições deveriam estar em seu job description, como dizem no mundo corporativo. 2) Boa parte da “base do governo Dilma” já começa a se desintegrar na defesa de Palocci, com declarações até de petistas, como o senador baiano Walter Pinheiro, a favor da manifestação pública do quieto ministro sobre o misterioso caso.
O caso Palocci evidencia que o governo Dilma é espalhafatoso nas suas tentativas de controlar o legislativo. Boas relações são fundamentais, mas transparência também é. A pressão pelo Código Florestal é válida (tema para outro post), por Palocci, não! Se o povo pede esclarecimento, o ministro tem que se pronunciar. Hoje, no Globo, Roberto DaMatta disse que o governo Dilma está autista, silenciado por razões que só o próprio governo sabe. O que eles pensam que são? Donos do Brasil? Não se trata de questões da vida pessoal de um indivíduo, mas de enriquecimento que, bem ou mal, tem relação com as posições que já exerceu e ainda exerce em defesa (ou não) do Brasil e, por isso, ele nos deve explicações.
No mais, qual será a opinião do deputado Tiririca sobre essa história, já que ele representa nada menos que 1 milhão e 350 mil brasileiros?
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