Não sei se são crônicas, contos ou artigos. Eu prefiro chamar de apenas pequenos pensamentos.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Cisne Negro
Não sei se sou louco, muito apaixonado por cinema ou se isso acontece com todo mundo, mas ver um bom filme me tira da minha realidade - inclusive nos momentos imediatamente após a exibição do filme. Já briguei com uma ex-namorada por uma grosseria que fiz após ter visto Tropa de Elite, já imitei David Frost entrevistando um professor da Coppe um dia após de ter visto Frost Nixon e já dei uma ótima aula de inglês um dia após ter visto Sociedade dos Poetas Mortos. Pois é, aconteceu hoje de novo quando fui ver Cisne Negro, o filme que dará – sim, eu profetizo – um Oscar a Natalie Portman.
No filme a realidade se mistura com a ilusão – ou será que era tudo realidade? – e eu me vi logo depois de ter visto o filme um pouco despreocupado com a vida, pensando que tudo que estava acontecendo era fruto da minha imaginação. Agora que o efeito passou, vejo que esse é um bom candidato ao Oscar de melhor filme. Dificilmente ganhará, pois a academia geralmente não faz surpresas boas, mas se você gosta de se sentir envolvido por uma narrativa audiovisual como eu, vá ver Black Swan.
Há, é claro, outros motivos para vê-lo além de ligar o foda-se para a vida real. Primeiro, a Natalie Portman que está arrebatadora no papel. Os olhos angelicais, o quê de ingenuidade misturado a uma baita força de vontade, a esquizofrenia se acentuando... Enfim, o Oscar de melhor atriz é dela. Você pode argumentar que o caminho mais fácil para o Oscar de melhor ator/atriz é fazer veado ou louco, mas Natalie Portman faz muito mais do que interpretar uma mera bailarina esquizofrênica, ela deixa você esquizofrênico também.
Em segundo lugar, destaco a direção combinada com efeitos sonoros de tirar o fôlego de Darren Aronofsky como outro aspecto relevante no filme. Ele usa a câmera de uma forma que fala muito. Ora a torna a visão da bailarina que assume o papel principal em “Lago dos Cisnes”, ora filma detalhes reveladores (Nem vem querer comparar com Godard, hein!). Aronofsky mostra que é mestre em usar a linguagem audiovisual sem exagerar no campo do diferente.
Além disso há uma boa atuação daquele que é um dos meus atores favoritos, o francês Vincent Cassel. Explico: Vincent Cassel fez um dos filmes brasileiros que mais adoro, À Deriva, tanto que tenho o DVD – se quiserem emprestado, peçam. Cassel não é um ator polivante como Colin Firth, Sean Penn ou Philip Seymour Hoffman e portanto não merece Oscar, mas para mim serviu como um agrado por ser um camarada que faz cinema de todo canto do mundo, inclusive do Brasil, e faz isso com qualidade.
Confesso que depois que passou a minha embriaguez narrativa, notei que há alguns pequenos furos no roteiro, que não deixa de ser maravilhoso por isso. Se analisado com cuidado, o final do filme pode parecer um pouco confuso. No mais, é divino.
Nota 9.0
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